Palestra do Simers no XVII Congresso Gaúcho de Pediatria alerta para a importância da organização financeira

O terceiro, e último, dia do XVII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria abordou temas sensíveis como depressão e suicídio na infância e adolescência e também o atendimento multiprofissional no Transtorno do Espectro Autista, entre outros assuntos. Na Sala do Especialista, a atenção dos pediatras se voltou para o planejamento financeiro. A palestra, organizada pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul, teve mediação da Coordenadora do Núcleo de Pediatria do Simers, Valerie Kreutz. A conferência ocorreu no Centro de Eventos do Barra Shopping Sul, em Porto Alegre, entre os dias 15 e 17.

As consultoras financeiras Rejane Roldão dos Santos e Simone Mota falaram sobre a dificuldade dos médicos planejarem investimentos, muitas vezes por falta de tempo e de conhecimento. O primeiro passo, de acordo com as especialistas, é fazer um diagnóstico dos ganhos, gastos e dívidas para conseguir programar uma reserva de recursos. Outro ponto, é a separação das finanças pessoais das do consultório. Elas ainda explicaram sobre os diferentes tipos de investimentos. 

A coordenadora do serviço Gestão Contábil e Pessoa Física do Simers, Raquel Gravana, também alertou para as consequências de não separar a vida financeira pessoal da profissional. Segundo ela, isso acaba fazendo uma “confusão patrimonial”, dificultando a prestação de contas na Receita Federal. Esclareceu que o pediatra, mesmo com pessoa física, deve ter um livro caixa. “É imprescindível. Se consegue uma boa redução no momento do imposto de renda”, afirmou.

Raquel aconselhou os profissionais a procurarem os serviços do Simers, onde terão orientações sobre a abertura de empresa e na análise dos contratos de trabalho oferecidos aos médicos. A contadora chamou a atenção para o perigo de assinar esses documentos sem analisar a idoneidade da empresa ou as obrigações que o profissional passa a ter no caso de entrar como cotista em uma prestadora de serviços.

Valerie Kreutz elogiou a “aula” dadas pelas consultoras financeiras e destacou o interesse dos médicos presentes, que fizeram muitas perguntas. “O pediatra não pode depender do INSS. Temos que planejar e diversificar os investimentos e começar logo, mesmo que seja em uma planilha, desde a época da faculdade”, afirmou. A palestra foi acompanhada também por outros integrantes do Núcleo de Pediatria: André Sérgio Malysz, Adriana Becker e Maria Dolores Bressan.

No final, os pediatras participaram do sorteio de uma Alexa, que foi para as mãos de Ana Elisa Kiszewski Bau. Os cerca de 350 médicos que passaram pelo estande do Simers e preencheram um formulário também concorreram a uma máquina de café Nespresso, que foi sorteada para Camila Furtado Hood de Aguilar. 

Alerta

O Simers aproveitou o espaço no Congresso para reforçar a campanha “Alerta Pediatria”, que virou um movimento do Núcleo de Pediatria e chama a atenção para a falta de pediatras em mais de 130 cidades do estado e para a retirada dos profissionais da rede básica de saúde. Durante a conferência, os pediatras foram convidados a assinar o ofício que o Sindicato irá encaminhar aos secretários estadual e municipal de Saúde, Arita Bergmann e Fernando Ritter. 

No documento, o presidente do Simers, Marcelo Matias, retrata a superlotação das emergências em Porto Alegre e alerta para o aumento da demanda antes mesmo da chegada do inverno. Adverte, ainda, para o risco que milhares de crianças correm por não terem acesso à assistência especializada e pede medidas eficazes e resolutivas, antes da estação mais fria do ano. O Sindicato se colocou à disposição para propor ações que impliquem em melhorias para o atendimento da população. Mais de 290 médicos assinaram o ofício.

Encerramento 

Após a cerimônia de encerramento do Congresso, a presidente da conferência, Denise Leite Chave, explicou que a programação foi montada com base em pontos que trazem preocupação, como o transtorno do espectro autista, depressão e suicídio na infância e adolescência, além da vacinação. Ela defendeu a saúde preventiva e chamou a atenção para a falta de especialistas na rede básica. “É um absurdo o número de pacientes que não tem o menor atendimento de saúde primária, a falta que isso está fazendo impacta no aumento de hospitalização, as famílias estão desassistidas. Se o atendimento começasse pelo pediatra lá, desde o início, com certeza a gente não teria essa sobrecarga”, finalizou.

O presidente da Sociedade Gaúcha de Pediatria, José Paulo Ferreira, destacou o sucesso de público no evento, que teve mais de mil profissionais inscritos. Ele falou ainda sobre o cenário da saúde pública com a ausência de pediatras na ponta do sistema. “É uma luta antiga. Vamos continuar lutando, porque o médico da criança é o pediatra. Todas as mães sabem disso, parece que só os gestores não sabem ou fecham o olho para essa situação gravíssima que é a falta de pediatra na linha de frente do SUS”, afirmou.