Simers denunciou o caso ao MP. Hospital também foi notificado por tentar reduzir honorários dos médicos
A intervenção da Prefeitura de Osório sob o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), em vigor desde 2016, não cumpriu com os compromissos da gestão e não solucionou os problemas da instituição. Mais do que isso,
coloca em risco a continuidade dos serviços na casa de saúde (leia mais abaixo). A gestão afirmou ao Simers que não tem interesse em renovar a intervenção, que encerra no dia 14 de julho. Após a data, não há definição de quem irá gerenciar o local.
O Simers denunciou o caso ao promotor Luis César Gonçalves Balaguez, na tarde de terça-feira (05). O diretor André Gonzales entregou uma série de apontamentos sobre as condições de trabalho e atendimento no hospital. “Diante da possibilidade de prejuízo às atividades de uma instituição tão importante, geograficamente bem localizada e com um potencial de atendimento imprescindível, o Simers reitera a necessidade de medidas urgentes para garantir o funcionamento do HSVP”, destacou Gonzales.
Perante o quadro, o Simers vem buscando soluções e articulando reuniões com autoridades locais. Além do MP, já houve tratativas com o próprio prefeito de Osório, Eduardo Abrahão, com a administração do hospital e com deputados da região – Ciro Simoni e Gabriel Souza –, mas sem evoluções.
Simers notifica Prefeitura por tentar reduzir hora médica
Um ofício assinado em junho pela superintendência e pelo interventor do HSVP, Márcio Rolim de Araújo, comunica a redução do valor da hora de trabalho dos médicos da instituição como medida para angariar recursos. O Simers notificou o hospital para que se abstenha de diminuir os honorários. A redução prejudica ainda mais os profissionais que estão com atrasos nos pagamentos.
Para a entidade médica, a solução para os problemas financeiros do hospital passa por outras ações, como o investimento correto por parte da Prefeitura. Ao contrário disso, a
gestão tem destinado cada vez menos valores, que passaram de R$ 630 mil a R$ 540 mil e, atualmente, são repassados somente R$ 355 mil por mês.
O Simers notificará também o Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), bem como levará a situação para conhecimento do Ministério Público do Trabalho (MPT).
Entenda a situação do Hospital São Vicente de Paulo:
Déficit mensal de R$ 300 mil
O HSVP possui atualmente um déficit mensal de R$ 300 mil, além de remunerações em atraso com os médicos. Dívidas correspondentes a 2016 - que foram negociadas para o pagamento em dez parcelas - não foram quitadas. Os profissionais receberam apenas quatro prestações. Embora estejamos em junho, os médicos autônomos, por exemplo, ainda não receberam os honorários de fevereiro de forma integral.
Repasses sem data
O Governo Estadual não tem repassado para os hospitais a parcela contratual com regularidade. O Hospital São Vicente de Paulo é mais uma das instituições que contaria com o aporte para manter em dia os salários dos funcionários, entre eles os médicos.
Atendimento afetado
A falta de dinheiro está fazendo com que alguns problemas se agravem. Entre eles, a permissividade para que o plantão da emergência funcione sem médico pediatra em alguns horários, o que já foi declarado em ofício pela própria administração do hospital. Também já houve notícias da falta de plantão cirúrgico, o que determinou a espera de pacientes graves por até dois dias para serem submetidos a uma cirurgia.
Além disso, os médicos da emergência (áreas verde e azul) estão sendo obrigados a sobrepor funções, atendendo também as áreas de convênios e particulares.