Promovido pelo Simers, Simpósio de Enfrentamento à Violência Contra Médicos reúne dezenas de pessoas em Santa Cruz do Sul
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Promovido pelo Simers, Simpósio de Enfrentamento à Violência Contra Médicos reúne dezenas de pessoas em Santa Cruz do Sul

Evento conectou especialistas do Sindicato, autoridades e profissionais, na noite desta sexta-feira, 8, para discutir meios para frear os casos de agressões contra trabalhadores da saúde

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12/08/2025 18:01

Focado em traçar caminhos para conter a crescente onda de agressões contra profissionais da saúde que tomou corpo nos últimos três meses, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) realizou, na noite desta sexta-feira, 8, o I Simpósio de Enfrentamento à Violência Contra Médicos, no Hotel Águas Claras, em Santa Cruz do Sul. Pelo menos nove casos de agressão contra profissionais da saúde foram registrados na cidade desde neste último trimestre – o que coloca o município no topo da lista de ocorrências no Estado.

 

Na abertura do evento, o vice-presidente do Simers, Felipe Vasconcelos, destacou os esforços que vêm sendo empreendidos pela entidade médica para enfrentar o problema. Ele também apresentou uma novidade que pode ajudar os profissionais a pedirem ajuda com mais eficiência em casos de agressão: o WhatsApp (51) 8447-2935, disponibilizado pela Brigada Militar para dar celeridade aos atendimentos.

 

Em sua fala, o presidente do Simers, Marcelo Matias, questionou o motivo da escalada dos casos de violência contra médicos em Santa Cruz do Sul. Ele também criticou o posicionamento do prefeito Sérgio Moraes referente ao caso de uma médica do Centro Materno Infantil (Cemai), que foi acusada injustamente de negligência no atendimento a uma criança e sofreu uma série de ameaças. Após avaliação, ficou comprovado que a médica agiu dentro dos protocolos previstos.

 

“Nesse caso específico, me parece, com muita clareza, que houve um fator, que talvez tenha sido o principal causador dessa crise, desse surto que nós estamos vivendo. Porque quando nós tivemos um caso cuja colega obviamente estava correta, mas caiu nas redes sociais, o prefeito da cidade resolveu se meter no assunto e fazer uma política demagógica. Ele fez uma condenação pública e essa condenação pública, no meu entender, colocou gasolina no incêndio”, disse o presidente.

 

Marcelo Matias agradeceu aos médicos e médicas da cidade que tiveram coragem de denunciar os casos de agressão e lembrou da campanha lançada no dia 8 de março - Dia Internacional da Mulher - em defesa das médicas, que foi estendida a todos os profissionais à medida que os casos aumentaram. Ele também frisou a articulação do Simers junto à Secretaria Estadual da Segurança Pública para a criação do Observatório da Violência contra Profissionais da Saúde.

 

“Foi oferecido pelo próprio secretário de Segurança algo que pode ser revolucionário. No boletim de ocorrência virtual vai ter um ícone que vai abrir para uma página específica para casos vinculados à saúde. Esse é um ganho, é uma demonstração de sensibilidade do secretário e é uma porta de entrada para que seja mais fácil, para que nenhum de nós leve para casa esse assunto sem que seja feita a avaliação adequada”, disse Matias.

 

Ele também destacou o projeto de lei que tramita no Congresso, com acompanhamento constante do vice-presidente, Felipe Vasconcelos, visando criminalizar os ataques contra profissionais da saúde. Ao fim da sua fala, o presidente rechaçou os ataques contra as médicas, que são a maioria das vítimas, e declarou sua admiração por elas.

“O futuro da medicina está na mão das mulheres, porque eu sou professor de faculdade e 80% das minhas alunas são mulheres. Eu as respeito, quero o seu sucesso e farei todo o possível para que vocês dominem a medicina e sejam respeitadas da forma que vocês merecem. Pela sua capacidade, pelo seu estudo, pela sua dedicação e pelo seu treinamento”, finalizou.

 

Conversa com especialistas

 

O evento, que foi realizado no Hotel Águas Claras, atraiu dezenas de convidados, que puderam acompanhar três palestras com especialistas dos Simers. A primeira palestrante foi a médica Caroline Martins, integrante do Núcleo do Médico Jovem do Simers. Ela iniciou sua apresentação com dados do Conselho Federal de Medicina, os quais apontam que, no Brasil, a cada três horas, um médico é vítima de violência enquanto trabalha. O estudo aponta que 47% dos registros foram contra mulheres. O principal tipo de violência é a verbal/psicológica. Na sequência, ela trouxe uma série de explicações técnicas sobre o fornecimento de atestado médico, um dos grandes motivos de conflitos entre pacientes e médicos.

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Na sequência, foi a vez do psiquiatra Ricardo Nogueira, coordenador do Núcleo de Psiquiatria do Simers apresentar a palestra "Gênero e Etarismo na Agressão a Médicas - uma reflexão sobre as violências enfrentadas por profissionais da saúde". Em sua explanação, ele traçou possibilidades para o enfrentamento da violência que atinge, principalmente, médicas mulheres jovens.

“Ainda vivemos em uma sociedade machista e etarista, em que o paciente acha que a mulher é obrigada a se submeter ao desejo dele. Precisamos fazer uma sensibilização da sociedade. Ninguém mais pode ser agredido. A violência é insuportável e intolerável”, frisou.

 

Por fim, a advogada da equipe jurídica do Sindicato, Marina Martins, especialista em direito cível, trabalhista e compliance apresentou o painel "Violência contra médicos em plantão: implicações jurídicas e caminhos de proteção". Em sua fala, ela ressaltou a importância da denúncia e quais são as implicações jurídicas para o agressor, como possibilidade de indenização por danos morais e materiais. Ela também comentou sobre a possibilidade de responsabilização do empregador e apontou caminhos para o enfrentamento do problema, como a implementação de segurança efetiva nos ambientes de trabalho.

Também participaram do evento o Conselheiro Federal de Medicina, Carlos Sparta, e o presidente da Associação Médica de Santa Cruz do Sul, Ali Hamid

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Tags: Médicos Medicina SIMERS 94 ANOS

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