A decisão de transferir o serviço de ginecologia do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) para o Hospital Fêmina provocou uma forte reação entre médicos residentes das duas instituições. Em cartas abertas, os residentes manifestaram preocupação com o impacto negativo da medida sobre o acesso à saúde, a qualidade do atendimento às mulheres e a formação médica. O Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) reforça sua atuação para evitar o fechamento do serviço e assegurar assistência qualificada às pacientes da Zona Norte de Porto Alegre.
Impactos diretos na assistência e na formação médica
Os residentes do Hospital Conceição destacam que o serviço é o único especializado em ginecologia na Zona Norte de Porto Alegre, atendendo uma ampla demanda de mulheres que dependem do hospital. Eles alertam que a transferência compromete o acesso das pacientes, especialmente daquelas com dificuldades de mobilidade ou limitações financeiras, forçadas a buscar atendimento na região central da cidade.
Além disso, apontam que o Fêmina, atualmente em obras, não oferece estrutura suficiente para absorver toda a demanda do Conceição. A previsão de conclusão das reformas até 1º de março de 2025 é considerada incerta, o que pode gerar atrasos em cirurgias, consultas e atendimentos emergenciais.
Outro ponto crítico destacado é o impacto na formação dos residentes. A separação entre ginecologia e obstetrícia — áreas complementares — prejudicará a formação integral dos futuros especialistas. “Seremos obrigados a nos dividir entre dois hospitais, o que dificulta a integração teórica e prática entre as especialidades”, afirmam os residentes do Conceição.
Preocupações compartilhadas pelos residentes do Fêmina
A Residência do Fêmina avalia que a Zona Norte ficará com a assistência prejudicada e as pacientes terão que, em alguns casos, dobrar o percurso para receber atendimento ginecológico. _“Nos compadecemos com as residentes do Conceição pois se inscreveram num programa de residência em um serviço específico, e que a separação da ginecologia e da obstetrícia deles (HNSC) trará prejuízos aos residentes e à população”_, afirmam. Conforme o grupo, o espaço físico do Fêmina não comporta dois programas de residência, pois já há registros de escassez de ambulatórios.
O que o Simers tem feito
Desde que o risco de fechamento do serviço foi anunciado, o Simers tem se posicionado fortemente contra a decisão. O sindicato iniciou um diálogo ativo com as direções hospitalares e autoridades de saúde, exigindo garantias de manutenção do atendimento às mulheres da Zona Norte e respeito à qualidade da formação médica.
Entre as ações realizadas, o Simers promoveu reuniões com os residentes dos dois hospitais, escutando suas preocupações e fortalecendo o movimento de defesa do serviço. Também articulou frentes junto aos conselhos de saúde e ao Ministério Público, buscando respaldo jurídico para barrar a medida e evitar a desassistência.
O sindicato alerta que o fechamento do serviço não é apenas uma questão administrativa, mas um grave risco à saúde pública. “Trata-se de um retrocesso no atendimento às mulheres, especialmente as mais vulneráveis, que terão seu acesso dificultado em um momento em que a saúde feminina demanda atenção integral”, destacou o presidente do Simers, Marcelo Matias.
O Simers segue acompanhando de perto os desdobramentos e reforça seu compromisso de lutar pela manutenção do serviço no Hospital Nossa Senhora da Conceição, garantindo o acesso digno à saúde e a formação médica de qualidade.
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