O sal e o açúcar são praticamente indispensáveis para realçar o sabor dos alimentos, porém, utilizados em excesso também podem causar problemas sérios à saúde. Aumento da pressão arterial, obesidade, diabetes e retenção de líquidos são apenas algumas complicações ligadas ao consumo exagerado. Como qualquer ingrediente, basta ser consumido com moderação para uma alimentação mais equilibrada e saudável.
Os dois ingredientes são importantes para o corpo humano. O açúcar contém glicose, uma fonte de energia essencial para o funcionamento do cérebro, dos músculos e ossos. Porém, apesar de sua importância, ingeri-lo de maneira exagerada repercute de forma ruim no organismo. “O consumo descabido em pessoas que não tem outras doenças leva o aumento de peso e obesidade. O uso regular está associado ao aumento de cáries. Em pessoas com obesidade ou diabetes, pode piorar de forma importante estas condições”, explica o Presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia do Rio Grande do Sul, Luís Henrique Canani. Uma pesquisa publicada pela Revista Brasileira de Epidemiologia aponta um consumo indevido de açúcares nos lares brasileiros, atingindo 16,7% do total de calorias, ultrapassando em mais de 60% o limite de 10% recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o próprio estudo, a OMS recomenda em média 50g ao dia de açúcar, mas estima que no Brasil o consumo seja 50% maior.
Doenças degenerativas também podem surgir devido utilização em demasia do açúcar. “O excesso de açúcares pode causar doenças crônicas – degenerativas como diabetes, problemas cardiovasculares, câncer, além de obesidade”, afirma o Presidente da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Gustavo Glotz. Existem muitos tipos de açúcar entre eles o fino e o light, mas o mascavo é apontado como sendo o mais benéfico à saúde, pois não recebe aditivos químicos e por causa disso, seus valores nutricionais são conservados. “Por não passar pelo processo de refinamento, o açúcar mascavo apresenta mais nutrientes que o branco refinado, então é o mais benéfico para o consumo“, salienta Canani.
Sal
O sal é composto de sódio, essencial para a entrada e saída de água nas células e na condição de impulso nervoso, mas se utilizado sem moderação também pode acarretar diversos problemas de saúde. Para um consumo adequado, a OMS recomenda aos adultos a ingestão de 5g de sódio por dia, equivalente a uma colher de chá. Conforme dados do Instituto de Geografia e Estatísticas (IBGE) os brasileiros consomem 12g de sódio diárias, mais do que o dobro indicado pela OMS. “Podemos dizer que os brasileiros, principalmente os gaúchos, consomem muito sal. Isso está diretamente ligado ao nosso hábito alimentar como, por exemplo, o churrasco que tem origem na carne de charque, além dos alimentos industrializados que são conservados em substâncias ricas em sódio”, ressalta Glotz. O cardiologista também alerta para os principais riscos ocasionados pelo abuso de sal. “O excesso pode provocar aumento de retenção de líquidos no organismo e hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, predispor AVC e infarto do miocárdio”.
Para que as pessoas controlem o uso do sal, Glotz indica algumas alternativas. “Existem maneiras simples como o uso de limão para temperar os alimentos. Entretanto, o mais importante é a educação das pessoas quanto aos perigos do excesso desta substância. Essa educação deve começar desde a infância, para que as crianças adotem um hábito alimentar saudável”. Assim como o açúcar, há alguns tipos diferentes de sal, porém Glotz orienta que os
consumidores analisem os rótulos e adquiram aqueles com o menor percentual de sódio. “Existem no mercado alguns tipos com menor quantidade de sódio e estes são os mais recomendados principalmente para as pessoas que já tem problemas cardíacos”, diz o especialista.
Nessa história, os dois temperos, se utilizados em excesso, se tornam vilões. O correto para garantir a saúde, é uma alimentação equilibrada, contendo sal e açúcar na medida certa, tendo o costume de verificar os valores nutricionais dos alimentos, orienta o endocrinologista. “A ingestão destes elementos deve estar prevista dentro de um plano geral pensado para cada indivíduo, de acordo com sua condição de saúde ou doenças associadas. De maneira geral, pode se pensar em escolher alimentos com baixo teor destes elementos, por exemplo, tendo o costume de verificar os dados nos rótulos. Assim, pode se tomar uma decisão pensada de como escolher. Em geral, frutas, vegetais são liberadas. Já os alimentos processados e manufaturados devem ser consumidos verificando os dados dos rótulos”, orienta.