Em duas visitas técnicas realizadas nesta quinta-feira, 29, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), representado pela conselheira Lúcia Osório, verificou graves problemas estruturais e de gestão em duas unidades hospitalares da Região Metropolitana: o Hospital de Viamão e o Hospital Dom João Becker, em Gravataí.
Hospital de Viamão: risco de colapso nos atendimentos
Gerido de forma emergencial pelo Instituto Maria Schmitt (IMAS), o Hospital de Viamão deve ser transferido para nova gestão, da empresa InSaúde, em julho. Até lá, no entanto, a situação segue crítica. Faltam insumos básicos como antibióticos, heparina, diuréticos, soro, além de materiais para exames de tomografia com contraste e bombas de infusão.
Também há escassez de roupas esterilizadas e equipos, comprometendo o atendimento seguro e eficiente.
A equipe de enfermagem é insuficiente e há déficit de profissionais. O contrato com a empresa Multiclínica, responsável pela Emergência e pelos médicos rotineiros (que atuam como sócio-cotistas), pode ser rompido devido a atrasos crônicos nos pagamentos e descumprimentos contratuais — especialmente no que diz respeito às multas por atraso, que frequentemente ultrapassam 15 dias.
Atualmente, cerca de 200 pacientes estão internados na emergência, e já se discute a possibilidade de emissão da Declaração de Impossibilidade de Trabalho Médico (DITA) e formalização da suspensão dos atendimentos. O responsável técnico, João Almir Camargo Jorge, reconheceu a falta de insumos, mas afirmou que seriam situações pontuais e de curta duração.
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Hospital Dom João Becker, em Gravataí: superlotação e limites à assistência
Em Gravataí, o Simers encontrou um cenário preocupante no Hospital Dom João Becker. A unidade opera com 212% da capacidade, abrigando 53 pacientes em uma estrutura planejada para apenas 25. A sobrecarga atinge diretamente os profissionais de saúde, que atuam no limite da estrutura física e humana.
A gestão da escala médica, atualmente sob responsabilidade da empresa Medlife (anteriormente DOC), mantém o modelo de contratação de médicos em regime Pessoa Jurídica (PJ), na modalidade sócio-cotista. Houve reforço recente na equipe pediátrica, composta agora por dois profissionais — um para a emergência e outro para a rotina em cada turno —, mas o atendimento segue pressionado pela alta demanda, sendo necessário mais um integrante por expediente.
Mesmo diante das dificuldades, o Dom João Becker mantém a porta aberta para os atendimentos via Sistema Único de Saúde (SUS), prestando assistência à população em condições extremamente desafiadoras.
O Simers seguirá acompanhando de perto a situação nas duas cidades, cobrando providências das gestões hospitalares e das autoridades públicas para garantir condições dignas de trabalho aos profissionais de saúde e atendimento seguro à população.
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