Falar sobre saúde mental tem sido um aspecto essencial nos dias de hoje. Isso ninguém duvida. Entretanto, os Núcleos de Psiquiatria e de Medicina Legal e Medicina do Trabalho do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) alertam que levar a discussão para o ambiente de trabalho ainda precisa mobilizar empregadores e o cenário corporativo. Dados do Ministério da Previdência Social demonstram que os transtornos mentais e comportamentais representaram a terceira maior causa de afastamento do trabalho no Brasil, no ano de 2023. Número que foi crescendo ao longo dos últimos 15 anos, período em que o Brasil registrou 21.799 mil notificações por transtornos mentais relacionados ao trabalho. Mais da metade dos registros ocorreu nos últimos cinco anos, totalizando 11.648 notificações entre 2019 e 2023, o que representa 53%.
“No Dia do Trabalhador, temos uma oportunidade para empresas e sociedade refletirem sobre a importância da saúde mental no trabalho, local que pode ser uma fonte significativa de estresse. Por isso, reconhecer que é preciso ajudar e promover estratégias para um ambiente de trabalho mais saudável é urgente”, alerta a diretora do Simers e integrante do NuPsiq, Luciana Mesko.
E quando o assunto é o trabalho médico não é diferente. Luciana reforça que a exaustão profissional, ou Burnout, é uma realidade para muitos trabalhadores, incluindo os médicos, os quais estão na linha de frente do atendimento. Em especial, aqueles que atuam na área da saúde pública, onde a superlotação e a sobrecarga de trabalho já são a regra na rotina. De acordo com informações do governo federal, é na área da Saúde que aparecem o maior número de notificações sobre transtornos mentais relacionados ao trabalho, nos últimos cinco anos. No ranking, temos técnico de enfermagem em primeiro lugar, seguidos de agente comunitário de saúde, assistente administrativo, enfermeiro, assim como professores e gerente de contas empatados na quinta posição.
“Os principais diagnósticos estão relacionados aos transtornos neuróticos, os relacionados ao estresse e os que incluem sintomas físicos, como dor, náuseas e tonturas, bem como os de humor e a Síndrome de Burnout. Vemos que muitos trabalhadores sofrem em silêncio com as questões de saúde mental, o que torna fundamental a abertura para o diálogo sobre o tema, promovendo a inclusão e o apoio. É inegável que trabalhadores com boa saúde mental são mais produtivos. Portanto, investir em saúde mental é também investir na qualidade e eficiência do trabalho”, destaca a diretora do Simers.
Como prevenir o adoecimento mental no trabalho
O coordenador do Núcleo de Medicina Legal e Medicina do Trabalho do Simers, Vinícius Mello, aponta que é preciso comprometimento pela melhoria contínua das condições laborais e o bem-estar de todos. Logo, para prevenir o adoecimento mental no trabalho, algumas estratégias podem ser adotadas. “Promover um ambiente saudável inclui fornecer equipamentos adequados, investir em ergonomia e garantir que os espaços de trabalho sejam confortáveis e seguros. Também devem ser incentivadas as pausas regulares, incluindo atividades de lazer, uma vez que momentos de descontração entre a equipe são essenciais para reduzir o estresse”, diz Mello.
O diretor do Simers também lembra que oferecer capacitação sobre o manejo do estresse e promover o equilíbrio entre vida pessoal e profissional são práticas valiosas que podem ser feitas, dentro das empresas. “São formas de fazermos com que o autocuidado faça parte da rotina. Infelizmente, a precarização do trabalho médico tem levado o profissional a deixar de lado esse aspecto, o que reforça que a necessidade de conscientização sobre a saúde mental deve ser um compromisso renovado para todos em um ambiente de trabalho saudável. Além disso, disponibilizar recursos de apoio e aconselhamento dentro e fora da empresa também é necessário, incluindo encaminhar para o acompanhamento especializado”, reitera.
SIM Mental Simers
Desde 2020, o Simers oferece aos médicos, estudantes de Medicina e colaboradores da entidade o SIM Saúde Mental, uma plataforma de assistência psiquiátrica com custos diferenciados e por meio de parcerias com o Centro de Estudos Luís Guedes (Celg), Pontual Psiquiatria, Fundação Universitária Mário Martins e Instituto de Ensino Abuchaim. A iniciativa surgiu após resultado da pesquisa realizada pela entidade médica, que conferiu o impacto psiquiátrico da pandemia entre médicos e estudantes de Medicina no estado. Os dados revelaram que mais de 50% dos profissionais se sentiam cansados, esgotados e sem satisfação em suas atividades profissionais. Saiba mais em www.simers.org.br/saudemental.
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