Obteve grande alcance a live realizada pelo Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) e o Centro de Estudos Luís Guedes (Celg), transmitida pelo Instagram das entidade médica na noite desta quarta-feira, 21. Com o tema “Qual o limite do sofrimento? Precisamos falar sobre suicídio”, a iniciativa faz parte da recente parceria institucional firmada entre Simers e Celg, abrangendo realização de eventos e produção científica em conjunto, até ação articulada para assistência psiquiátrica a médicos e estudantes de Medicina no Rip Grande do Sul.
A abertura da transmissão ao vivo foi feita pelo diretor-geral do Sindicato e coordenador do Núcleo de Psiquiatria da entidade (NuPsiq – Simers), Fernando Uberti. O psiquiatra falou sobre a importância de ações no contexto do Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção ao suicídio, bem como o trabalho que vem sendo desenvolvendo pelo NuPsiq – Simers.
“Falar sobre suicídio nos leva a um debate muito mais amplo, sobre transtornos psiquiátricos e necessidade de redução do estigma em saúde mental. Temos atuado diariamente na defesa de uma assistência psiquiátrica mais digna aos gaúchos, pelo fortalecimento de nossas redes hospitalar e ambulatorial, pela defesa e valorização do Psiquiatra. E também no sentido de reduzir o estigma quanto à doença psiquiátrica entre a própria categoria médica, facilitando assistência em saúde na área, a médicos e estudantes de Medicina. O perfil da atual gestão do Simers é criar um novo modelo de representatividade, com ideias mais arejadas e próximas das demandas reais dos médicos, sem deixar de lado as pautas políticas. Mas também, focada nas questões científicas e de prestação de serviços que facilitem a vida dos médicos, na defesa profissional e no cuidado com sua qualidade de vida”, destacou Uberti.
A saúde mental dos médicos e estudantes
O tema da live foi abordado pelo diretor de assistência clínica do Celg, Diego Rebouças, Doutor em Psiquiatria e Ciências do Comportamento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Diego trouxe dados sobre a depressão, considerada a doença mais incapacitante do mundo. Os números no Rio Grande do Sul também são alarmantes, pois é o estado com os maiores índices de suicídio no país.
“No Brasil, 11,5 milhões de pessoas possuem Depressão, o que representa 5,8% da população. Apesar de ser considerada uma epidemia, a depressão é altamente tratável. Se pudéssemos atingir o número de pessoas que estão sem tratamento, conseguiríamos diminuir drasticamente os agravos em saúde mental no Brasil”, afirma o Psiquiatra do Celg.
Já no que se refere à saúde mental de quem atua na área da saúde, especialmente entre os médicos, Diego ressaltou que a Covid-19 trouxe à tona a elevada carga de estresse, o excesso de horas de trabalho e a Síndrome de Burnout entre os profissionais.
Segundo ele, “a classe médica tem um risco aumentado de suicídio ou de ideação suicida, que chega a ser 40% maior do que no restante da população. Temos situações simbólicas, como taxas elevadas entre cirurgiões e anestesistas, os quais atuam diretamente com o dilema vida e morte, e entre os psiquiatras, uma vez que trabalham com o compartilhamento de angústias e sofrimento de seus pacientes”.
Além disso, ele destaca que pesquisas apontam para alta prevalência de sintomas de transtornos mentais entre os médicos residentes. “Os resultados chegam a 60% de exaustão emocional, 56% de sintomas de ansiedade disfuncional e 16% de ideação suicida. Sem falar nos estudantes de Medicina, grupo em que a ideação suicida chega a mais de 10%.”, afirma.
Abordagem precoce é fundamental
De acordo com o diretor do Celg, em todos os casos é fundamental agir de forma precoce, identificando riscos e intervindo de forma efetiva, resultando em melhores desfechos. “Não tem saúde sem saúde mental, porque ela influencia diretamente em outras esferas de nossa vivência. Por isso, precisamos lutar contra as barreiras, como o preconceito entre os colegas e no ambiente de trabalho. Então, falar sobre qual o limite do sofrimento é estar atento aos sinais de um comportamento disfuncional, para diminuirmos esses números tão alarmantes de suicídio”, disse.
Para o diretor-geral do Simers, é aí que entra a importância da parceria entre as duas entidades, por meio da plataforma SIM MENTAL, criada pelo Sindicato para cuidar da saúde mental dos médicos e estudantes se Medicina, expostos a fatores estressores adicionais dentro do contexto da pandemia, já naturalmente ansiogênico.
“Observamos uma alta prevalência de transtornos ou sintomas psiquiátricos nesses grupos, após o questionário aplicado pelo NuPsiq-Simers sobre o impacto psiquiátrico da pandemia sobre a categoria médica e médica estudantil. Sendo assim, um dos nossos objetivos do trabalho em conjunto com o Celg é viabilizar assistência psiquiátrica de forma ágil, garantindo melhor saúde mental e vida mais saudável a nossos colegas, futuros colegas e próprios colaboradores do Simers”, explica Fernando.
Ele reforça: “São duas instituições superlativas e, com certeza, esse é apenas o início de uma parceria que vai fortalecer a Psiquiatria, o Psiquiatra e beneficiar a sociedade”.
Para saber mais sobre o atendimento psiquiátrico (SIM MENTAL) em condições diferenciadas para médicos e estudantes de Medicina no Rio Grande do Sul, acesse o link AQUI.
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