
Por mais de 20 anos, o AVC (Acidente Vascular Cerebral) esteve em primeiro lugar entre as causas de mortes dos brasileiros. Desde 2011, esse número mudou. Em primeiro lugar está o infarto, em segundo o AVC, em terceiro os traumas (acidentes e armas de fogo) e em quarto o câncer.
O AVC acontece de repente, mas para a chefe do serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Moinhos de Vento, Sheila Martins, é importante às pessoas prestarem atenção nos sintomas e pedir ajuda o quanto antes. “Quem está tendo um AVC começa a apresentar sinais de perda de força, dormência em uma metade do corpo, dificuldade para falar ou compreender a fala, dificuldade de enxergar, vertigem, dor de cabeça súbita sem causa aparente e uma dor que o paciente descreve como a pior que já teve na vida. Mesmo que esses sintomas venham de forma isolada o paciente tem que ir para um hospital especializado para atendimento de AVC. Não adianta ir para qualquer lugar”, afirma. No RS há o maior número de hospitais públicos para atendimento de AVC do país. São 15 hospitais públicos e dois privados entre Porto Alegre, Região Metropolitana e Litoral.
Em caso de suspeita de AVC, é recomendado ligar para o SAMU através do fone 192, porque o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência está preparado para atender esse tipo de chamado e encaminhar o paciente para o hospital que tem o atendimento necessário.
As chances de ter um Acidente Vascular Cerebral podem ser prevenidas em 90% dos casos se a pessoa conhecer seus próprios fatores de risco e com isso procurar um médico para verificar sua saúde. São considerados fatores de risco: pressão alta, diabetes, colesterol elevado, fumo, arritmia cardíaca e hipertensão. Essa última é a principal causa do AVC.
Recebendo um tratamento adequado, a pessoa tem 55% de chance de ficar sem sequelas, mas para isso é preciso chegar rápido ao hospital. Trinta por cento dos casos podem ficar com demência como perda de memória e depressão.
No RS, há 15 mil casos de pessoas com AVC por ano. “A mortalidade caiu de 18% para 11%, desde que começou o programa de prevenção do AVC em 2008”, destaca Sheila.
Um dos casos mais inusitados, mas não menos perigoso, para ocorrer um AVC é no salão de beleza. Conhecida nos EUA como a síndrome do salão de beleza, o AVC acontece quando a pessoa usa um lavatório inadequado. Alguns salões já possuem lavatórios mais modernos, que permitem que você fique deitada, sem ter que jogar a cabeça muito para trás, mas a maioria ainda usa o modelo mais antigo, que causa dor. O problema é que as consequências da postura desajeitada vão muito além de um incômodo. A complicação pode acontecer de duas maneiras diferentes. Na primeira delas, a artéria vertebral, que passa por dentro do canal vertebral, é comprimida quando a cabeça é jogada para trás, causando a diminuição da chegada de sangue ao cérebro. Esse processo é mais comum em pessoas idosas, pois o canal vertebral pode estar mais estreito e com calcificações nessas pessoas. “Tivemos um caso no hospital de Clínicas, uma jovem de 30 anos, teve um AVC fazendo escova progressiva. Tudo que mexe com o pescoço é perigoso como a quiropraxia, o shiatsu. É raro, mas pode acontecer”, destaca Sheila.