Emergência psiquiátrica do Postão da Cruzeiro tem pacientes em colchões no chão e 135% de superlotação
A Luta

Emergência psiquiátrica do Postão da Cruzeiro tem pacientes em colchões no chão e 135% de superlotação

Pacientes dormindo em colchonetes no chão, 33 doentes onde há 14 leitos e menores internados em consultórios. O Estatuto da Criança e do Adolescente impede que menores fiquem em locais destinados à assistência de adultos.

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12/05/2018 10:22

Superlotação na emergência do PACS
Pacientes dormem no chão no PACS. Foto: Divulgação/Simers
Pacientes dormindo em colchonetes no chão, 33 doentes onde há 14 leitos e menores internados em consultórios. O Estatuto da Criança e do Adolescente impede que menores fiquem em locais destinados à assistência de adultos. A situação foi flagrada pelo Simers, no fim da noite dessa sexta-feira (11) e começo da madrugada deste sábado (12) na ala psiquiátrica do Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS), o Postão da Vila Cruzeiro do Sul (PACS), na zona sul de Porto Alegre. É a maior emergência em saúde mental do Estado. “O postão é um hospital clandestino. Estamos diante de um flagrante desrespeito aos direitos humanos”, revolta-se a diretora do Simers Clarissa Bassin, que foi ao local para verificar as condições de atendimento. O Sindicato aponta a falta de leitos hospitalares como a maior responsável pelo quadro que volta a se repetir, apesar de denúncias e de promessas de solução pela Secretaria Municipal da Saúde. “O Estado reservou dinheiro para a prefeitura abrir 30 leitos psiquiátricos no Hospital Beneficência. Só as pessoas que estão no PACS agora ocupariam todas as vagas. É preciso abrir urgentemente”, cobra o presidente do Simers, Paulo de Argollo Mendes. Cenário caótico Outra crítica do Sindicato Médico é que o postão há muito tempo virou um hospital clandestino, o que reforça a gravidade do quadro. Funcionários relatam as dificuldades de conseguir prestar os cuidados, até porque estão com metade da equipe de plantão para atender a capacidade normal e ainda enfrentam ocupação 135% acima do número de leitos. Os colchonetes perfilados no piso impedem os profissionais de acessar os doentes. Muitos surtam ou têm crise de abstinência, tornando mais difícil o controle e a medicação. “Isto é maus tratos até com a gente. Não é possível tratar estes doentes desse jeito”, desabafa uma técnica do plantão. Folhas de papel coladas nas paredes identificam o leito do paciente no colchonete que fica no chão. “Ext1”, ext 2 e etc. O ”ext” significa “extra capacidade”. Na noite dessa sexta, o “ext” chegou a 19, ou seja, além dos 14 internados em leitos normais, havia mais 19 em observação acima da capacidade. Há pessoas desde 6 de maio no local, muito mais que o limite de 24 horas para definir o encaminhamento – o paciente vai para casa ou segue para uma internação, que é o que a maioria dos casos nesta noite exigiam. Dos 33 casos em observação, 13 têm dependência química. A visão do salão superlotado é chocante. Por onde se caminha há pacientes instalados. Na área masculina, que fica ao lado da das mulheres (sem nenhuma separação física), 10 homens estavam em colchonetes. São casos de dependência, transtornos e depressão. Um dos menores que estava em um consultório é interno da Fase, exigindo que um agente ficasse todo o tempo ao seu lado no leito improvisado dentro do ambiente que deveria servir para consultas de novos pacientes. Até macas da Samu acabam sendo usadas para manter pacientes. A ambulância chega com o paciente, que fica junto com a maca.
Tags: Pronto Atendimento Cruzeiro do Sul (PACS) Superlotação emergência psiquiátrica

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