Para o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), o relato sobre as dificuldades em conseguir especialistas para as escalas de plantão na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) infantil do Hospital Santa Cruz, no Vale do Rio Pardo, reforçam a necessidade urgente em buscar soluções para a crise na assistência do setor. De acordo com o coordenador do Núcleo de Pediatria do Simers, Daniel Wolff, não faltam profissionais no estado e o que existe é um total desequilíbrio na distribuição dos especialistas no Rio Grande do Sul.
“Temos um total de 3.119 pediatras ativos no Conselho Regional de Medicina e uma concentração de pediatras na Capital e região Metropolitana. Então, precisamos de condições atrativas para que os colegas tenham interesse em se estabelecer no interior, inclusive em Santa Cruz. Um levantamento feito pelo Simers evidencia que 131 municípios gaúchos estão sem pediatras, devido à remuneração que não condiz com a responsabilidade do profissional. Sem falar na inexistência de incentivo para fixar os médicos no interior do estado”, afirma o diretor.
De acordo com informações divulgadas pela Sociedade de Pediatria do RS (SPRS), o Hospital Santa Cruz conta com uma equipe de oito especialistas para atender os casos graves que chegam de toda a região, incluindo os neonatais. “Sabemos que, desde o início do ano passado, o grupo vem sendo reduzido e isso se repete em outras cidades, desde as pequenas até grandes centros de referência, como Santa Maria”, lamenta Daniel.
Dados preliminares da Secretaria da Saúde mostram que, em 2022, o Rio Grande do Sul teve 15.559 crianças nascidas com menos de 37 semanas, as quais são consideradas prematuras. O número corresponde a 12,86% do total dos 120.936 bebês nascidos vivos. “Isso representa 338 leitos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde no estado, enquanto o ideal seriam 480, segundo o que é preconizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria, a qual diz que o ideal são quatro leitos para cada grupo de mil nascidos vivos”, afirma o coordenador do Núcleo de Pediatria do Simers.
Doenças de inverno
Ele também lembra que Simers e SPRS atuam em parceria, pela valorização dos pediatras e pela busca de políticas públicas que garantam a assistência de qualidade aos pacientes infantis. “Os índices de mortalidade infantil tendem a aumentar sem um serviço tão essencial. O nascimento é o momento mais importante da vida e precisamos de financiamento para as UTIs neonatais e pediátricas, garantindo que a população seja bem atendida e da forma adequada. Sem falar que precisamos reverter isso antes que as doenças de inverno agravem ainda mais o quadro”, alerta o diretor do Sindicato Médico.
O Simers utiliza cookies e tecnologias semelhantes, como explicado em nossa Política de Privacidade, para melhorar a experiência de usuário. Ao navegar por nosso conteúdo, o usuário aceita tais condições.